sexta-feira, 4 de setembro de 2009

GRAAL PEDRA FILOSOFAL


Parzival (Wolfram d'Eschenbach): "Tudo aquilo com que se alimentam, lhes vêm de uma pedra preciosa, que, em sua essência, é toda pureza.

Se não conheceis, os direi seu nome: se chama Lapsit exillis. Mediante a virtude da dita pedra, a fênix se consome e se transforma em cinzas, porém das cinzas renasce a vida: graças a essa pedra a fênix realiza sua muda para reaparecer com todo seu brilho, mais belo do que nunca.

Não há homem enfermo que, em presença dessa pedra, não está seguro de escapar da morte durante toda a semana que segue ao dia em que a tenha visto.

Quem a vê, cessa de envelhecer. A partir desse dia em que essa pedra lhes aparece, todas as mulheres e todos os homens recuperam a aparência que tinham na época em que estavam em plenitude de forças.

Se estiverem em presença da pedra durante duzentos anos, não morreriam: só seus cabelos se tornaram brancos.

Essa pedra outorga tal vigor ao homem que seus ossos e sua carne recuperam de pronto sua juventude.

Também recebe o nome de Graal...Cada sexta-feira santa (uma paloma) lhe dá a pedra a virtude de proporcionar as melhores bebidas e os melhores manjares...No paraíso não há nada mais delicioso...A pedra, ainda, procura para seus guardiães, caça de todo tipo" (Tradução francesa de Ernest Tonnelat, II, pp. 36-37)

Wolfram, em sua narração, considera o Graal como sendo uma grande esmeralda e sobre essa esmeralda há um poder que é trazido cada sexta-feira santa por uma paloma, algo que, simbolicamente, significa que a dita pedra possui um poder espiritual, ou de origem espiritual.

Uma vez mais, o Graal é um recipiente, aqui na forma de um prato de esmeralda.

Existe uma outra lenda célebre de outra pedra mágica na tradição irlandesa, que se trata da "Pedra de Fal", que é a Pedra da Soberania.

A Pedra Fal encontrava-se em Tara e quando um homem deveria ascender à realeza, ela gritava de maneira que todo mundo podia ouvi-la.

Essa pedra não só poderia se comparar ao Graal, mas também desempenha um papel na própria busca do Graal.
Quando o rei Arthur funda a Távola Redonda, Merlim, o Encantador, lhe dá o seguinte conselho:

"A direita de meu senhor o rei, sempre haverá um assento vazio em memória de Nosso Senhor Jesus Cristo, nada se poderá colocar ali, para não correr o perigo de ter a mesma sorte de Moisés, que foi engulido pela terra, exceto o melhor cavaleiro do mundo, que conquistará o Santo Graal e conhecerá seu sentido e verdade".

Se trata, pois, do Assento Perigoso, sobre o qual só deve sentar-se o Eleito.

Quando Percival se sentou nele, imediatamente a pedra, debaixo do assento se dividiu, e gritou num tom de angústia que a todos pareceu que o mundo ia precipitar-se num abismo.

Percival era indigno de sentar no assento e ao sentar-se nele, causou a enfermidade do Rei Pescador.

E, o Rei Pescador só podia ser curado por aquele que levasse a cabo as aventuras do Graal: então a pedra voltaria a soldar-se.

O caráter de Percival era demasiadamente pagão para ser o Herói do Graal.

Então se prepara a entrada de Galaad o Puro, de tradições celtas.

Assim, na versão completamente cristianizada do mito senta-se Galaad (filho de Elaine e Lancelot) no Assento Perigoso, sem que nada se suceda.

A Busca do Graal é uma luta sangrenta entre os membros da comunidade para apropriar-se da soberania, sendo dita soberania a Mulher, a Rainha ou Deusa, imagem simbólica da Mãe toda poderosa cujos filhos somos todos nós.

Agora sabemos o sentido profundo dessa busca que enfrentam os homens pela possessão da Mulher, e também o sentido que convêm dar a "Soberania".

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