Uma das narrações mais antigas do País de Gales, que representa a tradição britânica antes da separação dos bretões, nos apresenta uma história da Cabeça Cortada que é bem conhecida, é a história de Bran o Bendito, personagem mitológico considerado como um dos numerosos aspectos do Rei Pescador.
"A expedição a Irlanda organizada por Bran e os bretões, a fim de vingar afronta a sua irmã Branwen e recuperar o caldeirão mágico que ressuscita os mortos, acaba em um desastre.
Bran, ferido no pé por uma lança envenenada, pede aos sete sobreviventes bretões que cortem sua cabeça e a levem consigo.
Assim o fazem. Os sete sobreviventes em companhia de Branwen, atracam em Hardlech e se instalam aí.
Começaram a prover-se de alimentos e bebidas em abundância e se puseram a comer e beber.
Três pássaros passaram a cantar um canto que deixava sem valor tudo que tinham ouvido antes.
Essa cena durou sete anos e depois partiram até Gwales, em Penvro.
Ali se instalaram em uma grande sala com a cabeça de Bran exposta.
Pelos muitos sofrimentos que houvessem visto, por muitos que houvessem padecido pessoalmente, não recordavam nada, nem nenhuma outra pena do mundo.
Passaram oitenta anos de tal forma que não recordavam um tempo melhor, nem mais agradável em toda sua vida.
Não estavam cansados; ninguém deles notava que o outro houvesse envelhecido em todo o tempo desde que chegaram.
A companhia da cabeça não resultava mais penosa que quando Bendigeit Vran estava vivo.
Depois desses oitenta anos, abrem uma porta, em seguida recuperam a memória, e também o cansaço e o sofrimento, e vão cumprir o último desejo de Bran: enterraram sua cabeça na Colina Branca, em Londres." (Joseph Loth, Mabinogion, I, pp. 142-149)
Essa história tem muitas analogias com o Cortejo do Graal. Para começar, aparece o caldeirão que ressuscita os mortos.
Não conseguindo recuperá-lo, Bran entrega sua cabeça a seus companheiros, como uma espécie de substituto do caldeirão.
Bran é ferido no pé por uma lança envenenada e como o Rei Pescador, se converte em impotente para governar, pois é um Rei Ferido.
Enquanto a vingança, é clara: a expedição se havia organizado para vingar a afronta sofrida por Branwen.
Quando os sobreviventes, em companhia de Branwen, expõe a cabeça no local onde se encontram, perdem a noção do tempo, não envelhecem.
A cabeça desempenha a mesma função do Graal: procura alimento e bebida e impede de envelhecer.
A cabeça desempenha a mesma função do Graal: procura alimento e bebida e impede de envelhecer.
Assim alcançam um paraíso comparável a Terra das Fadas, tantas vezes descritas na literatura irlandesa, onde não existe a morte, o sofrimento, nem a enfermidade.
A cabeça, em resumo, lhes restitui o paraíso que haviam perdido ao nascer, o que demonstra claramente uma função materna, feminina, e dita função se vê reforçada pela presença dos pássaros de Rhianonn, e também com a presença de Branwen, cujo nome significa "Seio Branco", e que muito bem poderia ser a portadora da cabeça e portanto, a portadora do Graal.
A cabeça, em resumo, lhes restitui o paraíso que haviam perdido ao nascer, o que demonstra claramente uma função materna, feminina, e dita função se vê reforçada pela presença dos pássaros de Rhianonn, e também com a presença de Branwen, cujo nome significa "Seio Branco", e que muito bem poderia ser a portadora da cabeça e portanto, a portadora do Graal.
A narração é um dos aspectos do arquétipo primal do Graal. Os autores da Idade Média tinham conhecimento dessa lenda da cabeça cortada de Bran, pois a encontramos em obras que se referem aos cavaleiros do rei Arthur e a Busca do Graal.
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