sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Mãe Antiga Arádia Deusa Wiccana

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Madona Negra


Quem é a Madona Negra ? Qual a sua primeira face ?

È a Mãe Terra, o Princípio Feminino, nossa Mãe Primordial, símbolo de Sabedoria e Integração dos Opostos.

Como perpetuação das poderosas Deusas da antigüidade, ela volta com as características sagradas de Maria.

Metaforicamente Virgem, mas não no sentido do Patriarcado, porque não pertence a nenhum homem e sim a todos os homens.

Doadora de vida, dela provém os homens como frutos da Terra e a Ela todos retornam, à Deusa Mãe - Mãe Terra.


As mais antigas manifestações do culto à Mãe Terra datam da pré-história.

Uma delas é uma pequena estatueta na qual era representada com seu filho divino, ambos com cabeça de cobra.

Sua ligação com os animais torna-se evidente: ora em baixo-relevo, cravados na rocha, ora em outras pequenas estatuas, Ela aparece cercada de leões, pássaros, serpentes, leopardos, touros, peixes - eis outras das suas faces!


Era a Senhora dos Animais que chega até nós nas viagens xamânicas, o Universo da Pré-história, no qual o ser humano sonhava o grande Sonho, grandes dimensões expressavam o poder da gestação - o Ovo Cósmico, círculos concêntricos, mulheres avantajadas com protuberantes seios, nádegas e barriga, traziam este poder.

Nádegas para parir, barriga para gerar e os seios para nutrir.


É a Mãe Creatrix, outra de Suas mil faces.Mais próxima dos tempos conhecidos, a Mãe Terra revela outras diferentes faces.

Na Suméria, aparece como a muito popular Inanna, de dupla personalidade: de manhã é uma valorosa "Senhora das Batalhas", Deusa dos Heróis; à noite torna-se a Deusa da fertilidade, dos prazeres e do amor.

As "prostitutas Sagradas" são suas Sacerdotisas, e todas as mulheres da Suméria tinham como obrigação para com a Deusa Inanna se oferecerem sexualmente no templo para os estrangeiros pelo menos uma vez na vida.


Os opostos que se encontram, se harmonizam, e que é o grande poder da Madona Negra, aqui se revelam !

O Sagrado e o profano.Na Babilônia, Ela é Isthar.

Entre os hebreus, é Astarte. Na Frigia, Ela é Cibele (a Diana dos 9 fogos), indicativo de fertilidade.


No Egito, Ela é Isis e ainda aparece na face de Nerth a mais velha e sábia das Deusas. Ela é o céu noturno que se arqueia sobre a Terra, formando com suas mãos e pés as portas da Vida e da Morte.

Da Grécia, nós temos acesso ao mais rico acervo sobre a Mãe Terra.

Da cultura Cretense, Mar Egeu, chega até nós suas sacerdotisas vestidas de peles com os seios à mostra e com serpentes e conchas ao seu redor.

Ela, a Mãe Terra, é a Mãe Animal que, como cabra, porca ou vaca, alimenta o pequenino Zeus.


No centro deste poderosíssimo culto à fertilidade, vamos encontrar o touro, o duplo machado, o Minotauro e o Labirinto.

A Deusa de Creta - Deméter - é a Senhora do Mundo Inferior, das profundezas da Terra e da Morte.

Seu ventre terreno é o ventre também da fertilidade de onde a vida emana. Harmonizar estes Opostos é a principal Força da Madona Negra, ela que é o Negro da Luz.


Como doadora de vida, Ela é o útero eterno que, na tradição Yorubá, é a representação da totalidade, o conteúdo e o continente criados.

Arquétipo vivo, Ela é o Orixá Oxum, é a representação deste poder da Madona Negra no Candomblé.

Senhora de todas as águas, que é o sangue da Terra, é representada também como um peixe mítico ou pássaro.


Salve OXUM !Como Mãe Terra, a Madona Negra era cultuada no mundo pagão com as faces das Deusas do Olimpo, mas, com o início da Era Cristã, este culto passou a ser clandestino.

Seus ecos que chegam até nós são os mistérios de Eleusis, no qual se cultuavam Deméter e Perséfone.
As 3 grandes Deusas do leste: Ísis, Cibele e Diana de Éfesos, que eram representadas como negras, se estabeleceram no Ocidente antes da dominação romana.

Em Paris, já em 679, Dagoberto II estabelecia o culto àquela "[...] que hoje recebe o nome de Nossa Senhora da Luz", que é a nossa "Isis Eterna".

Talvez este seja o marco da transformação da Mãe Terra pagã para a Virgem cristã.


As Cruzadas, porém, foram as grandes divulgadoras da Madona Negra.

Estatuetas negras encontradas em fontes, grutas, galhos de árvores, das quais emanava um profundo sentimento do Sagrado, eram trazidas por eles que as cristianizavam, colocando o manto e a coroa de Nossa Senhora.


Elas traziam uma força incontrolável de liberdade e seu culto era possuidor de um espírito de sabedoria própria, que não se submetia a nenhuma organização ou lei nacionalista.

É a volta da divindade feminina que levanta o entusiasmo popular, trazendo-a a um primeiro plano da consciência coletiva.


A Humanidade experiencia as mais recentes faces da Madona Negra e Branca, com as aparições marianas da Virgem de Lourdes e La Salete no século XIX, e Fátima no século XX.

Paralelamente, um fenômeno sociológico assombrou o mundo - a revolução sexual feminina, que emancipou as mulheres por meio da igualdade de direitos e deveres.


A Madona Negra está a favor, politicamente, do povo e de sua dignidade. Sua face mais importante hoje é a da justiça social.

Ela é a consoladora dos Aflitos e dos Excluídos e aparece misteriosamente onde há sofrimento e opressão.


Em todo o mundo, encontram-se as faces da Madona Negra com essas características. Mas, para nós, a sua mais importante face é a de Padroeira do Brasil - Nossa Senhora Aparecida!


Descoberta em 1717 no rio Paraíba em São Paulo. É uma pequena e esplendorosa figurinha negra que se apóia numa lua crescente.

Conta a lenda que essa pequenina estátua tornou-se extremamente pesada, impedindo que o pescador a levasse daquele lugar, onde foi feita inicialmente uma pequena guarita para ela.


Nesse lugar hoje existe uma cidade-santuário, que acolhe peregrinos de todo o Brasil e do exterior. Milagrosa, poderosa, misericordiosa, ela traz conforto e alento para todos.

É a patrona dos ricos e pobres, das prostitutas, homossexuais, travestis, motoqueiros, carroceiros e seus cavalos, desempregados, artistas, e até dos políticos!
fonte: pazgeia
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ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística,Taróloga,Cabalista, Professora,Educadora Patrimonial, Escritora, Numeróloga, Pesquisadora de Ciências Ocultas, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica, Tarô Terapêutico e NumerologiaE-mail: arcanjo.azul@hotmail.com

A Virgem Negra



Centenas de ícones de Maria, a mãe de Jesus de Nazaré, possuem as mãos e os rostos negros.

Na França, elas são chamadas de "Vierge Noires" e em outros lugares da Europa de "Maddonas Negras".

Alguns chamam sua imagem de "a outra Maria"; Carl Jung dizia que eram representações de ísis e sua iconografia remonta ao culto pré-histórico da Mãe Terra.


Ela possui analogia com as Deusas Cybele, Diana e Vênus e associações culturais com Kali, Innana e Lilith.

Historicamente ela foi introduzida pelos cruzados voltando da Palestina, os conquistadores espanhóis a levaram ao Novo Mundo e seguindo antigas tradições esotéricas, os Templários a chamavam de "Maria Madalena".


Como a negra Sara-la-Kali, ela é reverenciada pelos ciganos em todo o mundo, possuindo sua data e lugar sagrado: 24 de maio, Saintes-Maries de la Mer, na região francesa de Camargue.

Para os psicólogos modernos, ela expressa o Feminino Sombrio.


Mas independente do que ela possa aparecer, ou do que possam dizer dela, seu culto continua poderoso e exerce uma estranha fascinação em milhões de devotos em todo o planeta.

Seus lugares sagrados são centros de energia telúrica, enlaçados com as "Linhas Ley" e a arquitetura sagrada.


Desde os tempos remotos até hoje, multidões peregrinam a seus Santuários, mergulhando em seus mistérios e entregando-se a seus miraculosos trabalhos de cura, transformação interior e inspiração.


A França possui mais de 300 lugares com Virgens Negras e existem mais de 150 deles no mundo.

O Brasil, com orgulho, exibe a sua Madonna: Nossa Senhora da Aparecida, retirada das águas por pobres pescadores.

Sua imagem, reprodução da morena Virgem de Guadalupe do México, que é a manifestação da nativa Tonantzin, atrai milhares de devotos, católicos ou não.


Nos meios hermetistas e pagãos (incluindo a Wicca), ela é a imagem da Sábia e Cthônica Anciã (Crone).


Um Antigo Ritual para a Virgem Negra

(Bulgária, século XIII. Fonte: Fraternitas Bogomiliana)

Em uma noite sem Lua (Lua Nova), vista-se com cores negras e cubra a cabeça com um lenço também negro.

Prepare um pequeno altar com oferendas de vegetais de casca escura (por exemplo - beterraba, ameixa, beringela, azeitonas pretas, etc...), incenso de aroma forte (benjoim, âmbar ou defumadores de ervas) e uma Vela Verde.


Arrume o altar voltado para o Norte, acenda o incenso e a Vela.

Deite-se no chão, com o rosto voltado para a terra, coloque os braços abertos ao lado do corpo e diga:


PURIFIQUE-ME SENHORA! PURIFIQUE-ME INTERNAMENTE E EXTERNAMENTE.

PURIFIQUE MEU CORPO, ALMA E ESPÍRITO!

FAÇA AS SEMENTES DE LUZ CRESCEREM DENTRO DE MIM

E TRANSFORME-ME EM TOCHA FLAMEJANTE DE TEU AMOR.

PARA QUE EU, TOMADA POR MINHAS PRÓPRIAS CHAMAS, TRANSFORME TUDO EM MIM E AO MEU REDOR EM LUZ!


Imagine a Virgem Negra entronizada no centro da Terra, Senhora do Mundo Subterrâneo e Mãe da Natureza.

Sinta o seu poder e sua majestade incomparável.

Levante-se e faça a oração mais uma vez.

Pegue a Vela Verde e caminhe, no sentido dos ponteiros do relógio, nove vezes.

Pare voltado para o Norte e faça a oração novamente.

Agradeça a Virgem Negra e peça a sua proteção.
Deixe o incenso e a Vela consumirem-se totalmente.

Use as oferendas vegetais para o consumo próprio, como uma dádiva da Mãe Terra.

O Ritual pode ser realizado fora ou dentro de casa.

A Vela Verde (escura) é tradicionalmente usada em ritos para a Virgem Negra desde a Idade Média.


ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística,Taróloga,Cabalista, Professora,Educadora Patrimonial, Escritora, Numeróloga, Pesquisadora de Ciências Ocultas, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica, Tarô Terapêutico e NumerologiaE-mail: arcanjo.azul@hotmail.com

sábado, 5 de setembro de 2009

A DEUSA HERA- Arquétipo da esposa fiel



Hera para os gregos, Juno para os romanos, a Rainha do Olimpo, governava junto ao seu marido Zeus. Ela era filha de Cronos e Réia, a Grande Mãe deusa titã e foi criada na Arcádia. Teve como ama as Horas, ou as Três Estações.
Seu nome significa "Grande Senhora", a forma feminina da palavra grega herói. Os seus símbolos eram a vaca, a via láctea, o lírio e a iridescente pena da cauda do pavão, que continha olhos, simbolizando a cautela de Hera.

O pouco que se sabe sobre ela provém de "Ilíada" de Homero, onde ganha fama de esposa ciumenta. É que em culturas patriarcais antigas, os homens tinham por regra, satirizar toda e qualquer mulher que alcança-se algum poder.

Se Hera foi uma mulher disposta à contendas conjugais,é porque ela estava realmente coberta de motivos.

Zeus era um libertino, promíscuo e infiel. A maioria de seus filhos foram concebidos fora dos limites de seu casamento oficial. E mesmo assim Hera sempre lhe foi fiel.

Hera em geral reagia a cada nova humilhação com uma ação,mas a raiva e a vingança não eram suas únicas respostas.

Em outros momentos, ela se retirava em perigrinações aos limites da terra e do mar, nestes períodos ela se envolvia na mais absoluta escuridão, separando-se de Zeus e dos outros olímpicos, os mitos falam que quando ela se recusava a voltar, Zeus provocava o seu ciúme para faze-la retornar, Zeus jamais se separou de Hera.

Embora a mitologia grega enfatize a humilhação e a índole vingativa de Hera, em sua veneração, por contraste ela era grandemente honrada.

Em seus rituais Hera tinha três epítetos e três santuários correspondentes, onde era venerada durante o ano. Na Primavera, ela era Hera Parthenos( a jovem Hera, ou a Virgem); no verão e no outono era celebrada como Hera Teléia ( Hera a Perfeita, a realizadora), e tornava-se Hera Chera ( Hera a viúva) no inverno.

Esses três aspectos de Hera representam os três estados da vida de uma mulher. Como deusa do casamento, Hera foi reverenciada, injuriada, honrada e humilhada; ela mais do que qualquer outra deusa tem atributos marcadamente positivos e negativos. O mesmo é verdadeiro para o arquétipo de Hera , uma força intensamente poderosa para a alegria ou para a dor na personalidade de uma mulher.

O único deus que nasceu da união legítima de Zeus e Hera foi Ares, o deus da guerra. Vemos aqui o arquétipo de uma sociedade contemporânea, configurada em uma família patriarcal. Zeus é o pai, o chefe, o "cabeça do casal". Muito embora existam conflitos persistentes, a supremacia de Zeus é evidente.

Zeus, pai dos deuses e dos homens era um nórdico. Ele e sua paternidade vieram de tribos do norte (que adoravam Wotan ou Odin ), cujo o sistema social era patrilinear ( sociedade patriarcal = sistema comandado exclusivamente pelos homens).

Já Hera, representa um sistema matrilinear (sociedade comandada por mulheres). Ela era a Rainha de Argos, em Samos e possuía no Olímpo um templo distinto de Zeus e anterior a este.

Seu primeiro consorte foi Heracles. Quando os nórdicos conquistadores chegaram ao Olímpo,e massacraram a população, concederam às mulheres a lúgubre escolha entre a morte ou a submissão à nova ordem.

Hera reflete, portanto, uma princesa nativa que foi coagida, mas não subjulgada por este povo guerreiro. Assim, sabe-se agora o motivo de que o único filho de Zeus e Hera tenha sido Ares, o deus da guerra. Realmente Zeus e Hera viviam em "pé de guerra"dentro do Olimpo.

Hera foi extremamente humilhada com as aventuras de Zeus. Ele desonrou o que ela considerava de mais sagrado: o casamento. Favoreceu seus filhos bastardos em detrimento de seu filho legítimo e pisoteou seu lado feminino quando ele mesmo deu à luz a sua filha Atena, demonstrando que não precisava Hera nem para conceber.

Nos dias atuais, embora a mulher através de árduas penas tenha conquistado seu espaço, os casamentos não se modificaram tanto assim.


Permanecemos em uma sociedade patriarcal e o casamento ainda é considerado como uma instituição de procriação.

As mulheres continuam a sofrer violências domésticas e profissionais e a busca do tão almejado casamento por amor com satisfação sexual plena é castrado pelas concepções obsoletas cristãs. Mas, muito embora todas estas limitações e deficiências do casamento, a mulher sente-se profundamente atraída por ele.


Romanticamente quase todas as mulheres sonham em compartilhar sua vida e a tarefa de criar seus filhos com um homem, em uma bem estabelecida unidade chamada "família".
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ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística,Taróloga,Cabalista, Professora,Educadora Patrimonial, Escritora, Numeróloga, Pesquisadora de Ciências Ocultas, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica, Tarô Terapêutico e Numerologia.
E-mail: arcanjo.azul@hotmail.com

Bibliografia consultada
A Deusa Interior - Jennifer Barker Woolger/Roger J. Woolger
O Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinsky
A Grande Mãe - Eric Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
A Deusa Tríplice - Adam Mclean

O CULTO DE HERA É ANTERIOR A ZEUS



Estudos mais apurados revelam que Hera já era cultuada muito antes do aparecimento de Zeus. Em Olímpia, seu templo é bem anterior ao do seu marido. Ali foram encontrados selos minóicos onde Zeus aparece de pé, como um guerreiro de barba longa (característica nórdica), junto à Deusa sentada no trono, o que sugere que o Deus é o eleito da Deusa e não o contrário.

Seu nome, que significa "Senhora", e as imagens de serpentes, leões e aves aquáticas que a acompanham lhe outorgam uma linhagem muito antiga.

Gimbutas sugere que, igual à Atena, com a qual aparece em muitas lendas, Hera poderia remontar-se à Deusa serpente do período Neolítico que governava sobre as águas celestiais.

Em "Ilíada" é chamada "Rainha do céu" e "Hera do trono dourado". Também é chamada "Deusa dos brancos braços", uma imagem romântica dos raios de Lua que se estendem pelo céu noturno.

Por outro lado, o epíteto que Homero dá a Hera, "boopis", que significa "De olhos de vaca", sugere que ela também seja uma Deusa da Terra, cuja imagem sempre foi da vaca desde as épocas mais antigas: a Ninhursag suméria e a Hator egípcia, por exemplo, para não mencionar as consortes anônimas de uma longa série de touros fertilizadores cujas aspas tinham forma da lua crescente.

Atrás do caráter demoníaco de alguns de seus filhos, pode-se confirmar a mesma história. Em algumas lendas Hera é mãe do dragão Tifão e da monstruosa Hidra, a quem deu à luz de maneira autônoma, como toda Deusa da Terra vista da ótica dos Deuses Celestes.

Em certa ocasião, desgostosa com seu marido por haver engendrado a Atena por sua conta, Hera golpeou a terra e convocou a Gea e a Urano.

Gea, a fonte da vida, estremeceu com o golpe e Hera soube que seu desejo havia sido concedido e, um ano mais tarde, nasceu Tifão.

O dragão de Hera foi enviado à Delfos para cuidar de Delfine. Mais tarde, o filho luminoso de Zeus, Apolo, o mata.

Deusa de Argos e também de Samos, Hera se apropriou dos templos micênicos e seu culto se estendeu por toda a Grécia. As espigas de trigo eram chamadas de "flores de Hera" e eram colocadas sobre seu altar quando se sacrificava o gado em seu louvor.
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ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística,Taróloga,Cabalista, Professora,Educadora Patrimonial, Escritora, Numeróloga, Pesquisadora de Ciências Ocultas, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica, Tarô Terapêutico e Numerologia.
Bibliografia consultada:
A Deusa Interior - Jennifer Barker Woolger/Roger J. Woolger
O Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinsky
A Grande Mãe - Eric Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
A Deusa Tríplice - Adam Mclean
Reino das Deusas - Rosane Volpatto

O MATRIMÔNIO SAGRADO DE HERA E ZEUS


Em muitos lugares da Grécia se celebrava o matrimônio sagrado entre Hera e Zeus, representando-se de novo o antigo ritual do casamento entre o céu e a terra, que bendizia e regenerava a vida.

Na descrição de sua reconciliação na "Ilíada", podem se encontrar recordações do ritual misterioso do matrimônio sagrado.

A imagem desse casal que se reconciliava tantas vezes representava: o reflorescimento de toda a terra.

Quando Zeus toma Hera em seus braços, os oculta uma nuvem dourada muito espessa como para que o Sol a penetre:

"Digo que o filho de Crono estreitou a esposa em seus braços.
Abaixo deles a divina terra fazia crescer branda erva,
lótus cheio de orvalho, açafrão e jacinto
espesso e fofo, que ascendia e protegia o solo.
Nesse tapete se esticavam, cobertos com uma nuvem
bela, áurea, que destilava nítidas gotas de orvalho.
Assim dormia sereno o pai e no mais alto do Gárgaro,
entregue ao sonho e ao amor, com sua esposa nos braços".

Era como se esse acontecimento divino, que antigamente unia os princípios complementares do universo, se secularizasse na Grécia patriarcal para servir, antes de tudo, como modelo para o reto ordenamento da sociedade mediante o cumprimento devido à cerimônia do matrimônio.

As mulheres gregas, estavam excluídas da democracia, igual aos escravos elas careciam de direito ao voto e raramente desfrutavam do mesmo direito à educação que seus irmãos e maridos.

"Tu eres quem passa a noite nos braços do supremo Zeus", se converteu na expressão emblemática da autoridade de Hera, uma fonte ambivalente de satisfação para alguém acostumada a ser Deusa por direito próprio, como implicam os relatos de sua fúria ante a liberdade de Zeus.

Se essa fúria for retirada do contexto marital e devolvida ao momento histórico, momento em que os que contraíam matrimônio representavam modos de via em universos diferentes e inclusive opostos entre si, o sentido da injustiça de Hera se revela claramente como negativa a submeter-se ao estabelecido por Zeus relação com a fusão das duas culturas (gregas e nórdicas).

Enquanto Hera, as vezes, compartilha o altar com Zeus, a recordação de sua antiga independência sempre estava presente: ele não devia duvidar que a Deusa era sua irmã maior, e que inclusive o salvou, quando era criança de seu pai Crono, posto que em alguns relatos foi ela mesma que o levou à Creta.

Todas essas histórias, lidas simbolicamente, contribuem para aumentar o sentimento de protesto mitológico ante a perspectiva de submeter-se ao julgo do matrimônio com um companheiro desigual.

O que nos leva a concluir que Hera havia contraído um matrimônio à força e nunca se tornou realmente uma esposa.
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ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística,Taróloga,Cabalista, Professora,Educadora Patrimonial, Escritora, Numeróloga, Pesquisadora de Ciências Ocultas, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica, Tarô Terapêutico e Numerologia.E-mail: arcanjo.azul@hotmail.com
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Bibliografia consultada :
A Deusa Interior - Jennifer Barker Woolger/Roger J. Woolger
O Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinsky
A Grande Mãe - Eric Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
A Deusa Tríplice - Adam Mclean
Reino das Deusas - Rosane Volpatto

HERA E HERACLES



Outra alusão à seu antigo papel como Grande Deusa, se dá através de sua relação com o herói Heracles (Hércules).
Seu nome significa "glória a Hera", e os doze trabalhos que a Deusa lhe impõe simbolizam os doze meses durante os quais o Sol "trabalha" em sua caminhada anual.
Enquanto no relato Heracles empreende essas provas não por vontade própria, mas sim por imposição de Hera (em seu papel de Deusa Escura da Lua Minguante), a imagem de servo ou filho-amante da Deusa que o nome de Heracles implica sugere que o antigo ritual em que o Sol que se unia com a Lua Cheia, possivelmente se oculte atrás desse relato.
Também, a imagem de Heracles como homem adulto mamando o peito de Hera, tal qual foi encontrado em um desenho de um espelho etrusco, recorda os faraós mamando nos peitos de Ísis em seu papel de filhos-amantes da Deusa.

A lenda que rodeia esse episódio conta que Zeus fez com que Hera caísse adormecida e Hermes colocou Heracles em seu peito, porém, como herói que era, a mordeu e a despertou e, enquanto a Deusa se sacudia, o leite se derramou pelo céu dando origem a Via-Láctea.
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ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística,Taróloga,Cabalista, Professora,Educadora Patrimonial, Escritora, Numeróloga, Pesquisadora de Ciências Ocultas, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica, Tarô Terapêutico e Numerologia.
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Bibliografia consultada
A Deusa Interior - Jennifer Barker Woolger/Roger J. Woolger
O Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinsky
A Grande Mãe - Eric Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
A Deusa Tríplice - Adam Mclean

DEUSA TRÍPLICE



Na Arcádia, ao ser celebrada como a Grande Deusa dos tempos pré-homéricos, Hera possuía três nomes.

Na primavera era Hera "Parthenos" (Virgem). No verão e no outono tomava o nome de Hera "Teleia" (Perfeita ou Plena) e no inverno chamava-se Hera "Chela" (viúva).


Hera, a antiga deusa tríplice não tinha filhos, de modo que, os mistérios da maternidade não estão aqui simbolizados, mas sim os mistérios das fases da mulher "antes" do casamento, na "plenitude" do casamento e "depois" na viuvez. As três facetas de Hera também ligam-se às três estações e às três fases da Lua.

Hera renovava anualmente a sua virgindade banhando-se na fonte Cânata, perto de Argos, local consagrado especialmente a ela. Assim, vemos que ela traz em si o arquétipo da eterna renovação, semelhante ao ciclo da Lua em suas fases. Através deste ato, ela une o ciclo lunar, o ciclo menstrual e o ciclo anual da vegetação.
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Bibliografia consultada
A Deusa Interior - Jennifer Barker Woolger/Roger J. Woolger O
Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinsky
A Grande Mãe - Eric Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
A Deusa Tríplice - Adam Mclean

ARQUÉTIPO DE HERA



Jung nos afirma que nenhum de nós chega a totalidade enquanto não vivenciar os aspectos femininos e masculinos da natureza interior. Para tanto, toda a mulher deve "casar"com seu "animus" e todo o homem deve fazer o mesmo com a sua "anima".

Ao contrairmos um casamento no mundo exterior, significa dizer que encontramos um parceiro(a) que reflete os nossos traços sexuais opostos interiores.

Toda a mulher-Hera sabe que o casamento é o caminho pela qual se chega à inteireza e plenitude. O arquétipo de Hera leva à mulher a estabelecer um pacto de lealdade e fidelidade com seu companheiro.
Uma vez casada é "para sempre", ou até que a morte os separe. Hera não é um "clone" feminino dos ideais masculinos, mas sim a personificação do "feminino maduro", que sabe o que quer e só sentirá completa através do "sagrado matrimônio".

Hera estabelece o arquétipo da relação homem-mulher numa sociedade patriarcal, como esposa e companheira ideal.

Assim, é uma deusa do casamento, da maternidade e da fidelidade, além de ser a guardiã ciumenta do matrimônio e da hereditariedade.
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Bibliografia consultada
A Deusa Interior - Jennifer Barker Woolger/Roger J. Woolger
O Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinsky
A Grande Mãe - Eric Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
A Deusa Tríplice - Adam Mclean

O SIMBOLISMO





O seu mito era associado a vaca, o que revela o seu vínculo com a fecundidade e com o nascimento. Seus outros símbolos são a via-láctea, diadema de diamantes, o lírio e a iridescente pena da cauda do pavão, que continha olhos, simbolizando a cautela de Hera.

A vaca sempre foi associada à deusas da Grande-Mãe como provedoras e nutridoras, enquanto a via-láctea, em grego gala significa "leite da mãe", reflete uma crença anterior às divindades olimpicas, de que ela surgiu dos seios da Grande Mãe.


Isso depois torna-se parte da mitologia de Hera, que conta que o leite que jorrou de seus seios formou a Via-Láctea. As gotas que caíram sobre a Terra tornaram-se lírios, símbolo do poder de autofertilização feminino da Deusa.
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Bibliografia consultada
A Deusa Interior - Jennifer Barker Woolger/Roger J. Woolger
O Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinsky
A Grande Mãe - Eric Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
A Deusa Tríplice - Adam Mclean

MULHER FÁLICA : HERA HOJE

http://www.youtube.com/watch?v=U4jBLqu_Srk


O arquétipo de Hera só se manifesta nas mulheres na segunda metade da vida.
Basicamente a mulher-Hera quer duas coisas: igualdade e parceria.
Para justificar suas aspirações tenderá enfatizar o conceito de dever no seu casamento.
A esposa-Hera é muito extrovertida, o que significa dizer que é muito sociável, gosta de interagir com outras pessoas.
Ela foi criada para sentar-se ao trono ao lado do marido. Aquela história de que atrás de um homem existe uma grande mulher, é a mais pura verdade e ela é uma Mulher-Hera.
O que acontece entretanto, que raras vezes os homens aceitam compartilhar seu poder com suas esposas, o que pode levá-las à completa frustração.

Quando os gregos começaram a mencionar e documentar os conflitos conjugais entre Zeus e Hera, talvez estivessem aludindo as tensões que podem nascer não apenas do relacionamento entre os sexos no casamento.
Mas também da inevitável desproporção que existe na sociedade entre o papel feminino e o papel masculino, em como a sociedade encara estes papéis. Por debaixo desta dinâmica é fácil visualizar as rixas entre Hera e Zeus.

Desde a época das "Mulheres Megéricas" retratadas nas obras de Shakespeare , a mulher-Hera tem assombrado a sociedade.
Os psicanalistas as chamam de "mulheres fálicas", que esboçam uma associação psicológica com a mulher-Amazona.

Caso seu impulso fálico seja desdenhado por uma parceria desigual, ela entra em colapso, levada por sua ftrustração, poderá perder o controle e acabar sendo impelida por aquilo que deseja controlar.

Os junguianos denominam este fato como "possessão de animus", quando o lado masculino frustrado da mulher, destrutivamente governa os vários aspectos de sua vida íntima.

Quem teve a oportunidade de ver manchetes em que mulheres que sofreram abusos por parte de seus companheiros ou que foram humilhadas e rejeitadas por eles, e acabaram perdendo o controle e se vingando publicamente de forma a destruir a sua imagem pública ou até mesmo suas vidas.

Veja o caso de várias esposas ou amantes de políticos que denúnciam as falcatruas de seus maridos ou companheiros, ou ainda de amantes ou esposas que perseguem seus antigos amores as vezes chegando a extremos.

Há ainda aquelas mulheres que não se vingam dos seus maridos, não só por dependerem financeiramente deles, mas também por não atribuirem a culpa das traições a eles,e sim as suas amantes de quem buscam vingar-se, da mesma maneira que a Deusa Hera se vingava das amantes de Zeus na mitologia grega.

Cenas como estas pode ser vistas até mesmo em novelas, como na novela Caminho das Índias, quem assistiu a cena em que Melissa bate em Ivone sabe do que eu estou falando.

ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística, Taróloga, Cabalista, Professora, Escritora, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica e Tarô Terapêutico.
E-mail: arcanjo.azul@hotmail.com

Bibliografia consultada
A Deusa Interior - Jennifer Barker Woolger/Roger J. Woolger
O Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinsky
A Grande Mãe - Eric Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
A Deusa Tríplice - Adam Mclean

GRAAL - SIGNIFICADO DO ARQUÉTIPO


De todos os mitos celtas, o Mito do Graal é o mais fecundo em quanto suas proporções, suas variantes e suas interpretações.

Em sua origem,o Graal e a lenda que o rodeia procede de um tema celta de "vingança por sangue".

Não obstante, pretender que a Busca do Graal é só uma narração de vingança, há autores que atribuem essa "busca" há uma espécie de iniciação à realeza e à soberania.

Já outros, a vêem na regeneração do País do Graal por um Cavaleiro eleito, como uma espécie de ritual de fecundidade.

Enquanto que Jessie Weston, em uma série de obras discutíveis, mas apaixonantes, emitiu a hipótese de que os elementos do Cortejo do Graal tinham todos um valor simbólico e ritual, e que, a lança que sangra representa o princípio masculino, o Graal, ou seja, a taça, representa o princípio feminino.

Seria pois, a união dos princípios que devolveria ao País do Graal, devastado e estéril, sua riqueza e fertilidade de antigamente.

O simbolismo sexual do Graal é indiscutível: é uma taça e, como tal, é a imagem do seio que despensa alimento.

Por analogia, é um continente, e seu conteúdo, na versão cristianizada, é o sangue de Jesus.

Por isso, é fácil deduzir que o Graal, mais do que a imagem do seio, representa o útero da Deusa Mãe, que dá vida a todas as criaturas do Mundo, a condição de ser fecundada.

Sabemos que o País do Graal é estéril, está devastado e que esperam o cavaleiro eleito que deve devolver a fertilidade perdida.

Como o Rei Pescador tem um ferimento que afetou suas partes viris, portanto, a taça do Graal como "útero materno", só poderá ser fecundado por um homem eleito.

Por analogia, Jesus seria esse eleito, mas qual foi o útero que Ele fecundou?
Portanto, "O Código da Vinci" de autoria de Dan Brown, não é um "insulto à inteligência", como muitas pessoas já se referiram à obra, mas sim, mais uma das muitas interpretações cabíveis no que se refere a "taça do Graal".

O Graal é pois, incontentavelmente um símbolo "Feminino" e a "Busca" que o cavaleiro empreende para encontrar o Graal, é uma busca de feminilidade. Um estudo de várias versões de sua lenda, nos permitirá constituir um dossiê a favor dessa opinião.
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Referência: Reino das Deusas - Rosane Volpatto
ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística,Taróloga,Cabalista, Professora,Educadora Patrimonial, Escritora, Numeróloga, Pesquisadora de Ciências Ocultas, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica, Tarô Terapêutico e Numerologia.
E-mail: arcanjo.azul@hotmail.com

CORTEJO DO GRAAL


No romance Percival ou "Le Conte du Graal", Chrétien de Troyes, descreve que o jovem guerreiro encontra um velho aleijado (foi ferido na coxa e tornou-se impotente), pescando à beira de um rio.

Mandado a um castelo cercado de terras estéreis a fim de passar a noite, Parsifal descobre que seu anfitrião é o pescador.

Então uma estranha procissão acontece:
"As tochas iluminavam a sala com tal claridade que não se podia encontrar um alojamento alumbrado com mais brilho.

Enquanto conversam à vontade, aparece um criado que sai de uma sala próxima, carregando uma lança de brancura deslumbrante...Uma gota de sangue pendia da ponta da lança e escorria até a mão do criado que a levava...

Então, aparecem outros dois criados, homens muito belos, carregando cada um em sua mão um lustro de ouro niquelado, em cada lustro brilhavam a ao menos dez círios.
Depois apareceu um graal entre as mãos de uma bela e gentil donzela, que seguia os criados.

Quando entrou com o Graal, se expandiu pela sala uma claridade tão grande que os círios empalideceram como as estrelas ou a lua quando sai o sol.
Atrás dessa donzela vinha outra, levando um ábaco de prata.

O Graal que ia adiante era do ouro mais puro; tinha pedras preciosas encrustadas, as ricas e mais variadas que existam na terra ou no mar; nenhuma gema podia comparar-se com o Graal." (Tradução francesa de Lucien Foulet, pp. 75-75).

O cortejo faz referência a três elementos: o Graal, a lança e o ábaco.

O Graal era transportado por uma mulher, assim como o ábaco, e esse último é de prata, o Graal é de ouro, ou ao menos tem o aspecto de ouro e brilha como o sol.
A lança que goteja sangue é um dos objetos mais maravilhoso da "busca celta", apesar da interpretação cristã tardia, pois trata-se da lança que teve Lug, que não perdia nenhuma batalha se a tivesse em suas mãos.
É a "Lança de Assal".

Também é a lança do herói irlandês Celtchar, filho de Utechar, personagem bastante estranho que aparece em certas epopéias secundárias do Ciclo de Ulster.
Celtchar, foi ferido por Cet, filho de Maga e tornou-se impotente.

Na narração de "A Morte de Celtchar, filho de Utechar", a mulher de Celtchar, Brig Bretach, o engana com Blai Briuga. Celtchar então, mata o amante, enquanto ele se encontra na mansão real jogando xadrez com Conchobar e Cuchulain.

Afunda a lança através do corpo tão bem que uma gota de sangue foi parar sobre o tabuleiro do xadrez.

Essa gota de sangue é importante, pois o lugar onde cai permite saber quem, se Conchobar ou Cuchulain, quem deve assumir a vingança contra Celtchar, pois este havia violado o direito de asilo e hospitalidade da mansão real.

Finalmente, Celtchar é condenado a limpar o Ulster de três pragas.
A primeira das pragas é Conganches mac Dedad, irmão de Curoi, que assola o país e contra o qual as lanças e as espadas não surgem efeito.

Celtchar arruma para casar com Conganches, sua filha, que curiosamente se chama Niam (Céu). Niam pergunta ao marido se há alguma maneira de poder matá-lo. Ele responde:
"Devem cravar pontas de vermelho vivo nas plantas de meus pés e em minha tíbias".
Com conhecimento desse segredo, o pai de Niam consegue matar Conganches.

Celtchar ataca a segunda praga, que é um cão infernal que consegue matar mediante uma artimanha.
Finalmente, a terceira praga, também um terrível cão, será fatal para Celtchar.

Ele consegue matar o cão, porém ao retirar a lança do animal e brandi-la, uma gota de sangue do cão cai da lança ao chão e mata Celtchar.

O tema da gota de sangue no extremo da lança aparece aqui com tanta insistência que não é possível ver uma simples coincidência.

Existe no "Cortejo do Graal" uma reminiscência dessa misteriosa história de Celtchar, ou qualquer história do mesmo gênero?

Com certeza. Não só o tema do cão infernal, uma espécie de Cérbero que se expande pelo país dos vivos para devastá-lo, faz pensar na desolação do país do Graal, assolado e estéril, assim como o personagem de Celtchar, ferido em suas partes sexuais e vítima de sua própria lança, está em relação ao Rei Pescador, ferido no mesmo lugar e que ordena a famosa lança com uma gota de sangue em seu extremo no Cortejo do Graal.
Finalmente, existe uma história de vingança sanguinária, como no Graal primitivo. Enquanto o nome da filha de Celtchar, Niam, diz muito sobre as relações que unem Celtchar com o Outro Mundo, como o Rei Pescador, e não é impossível que a filha do rei, a portadora do Graal, que se converterá mais tarde na "Buscadora" cisterciense.

A mãe de Galaad, o sábio, seja o mesmo personagem mitológico que essa Niam, filha de Celtchar.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

GRAAL CABEÇA



Uma das narrações mais antigas do País de Gales, que representa a tradição britânica antes da separação dos bretões, nos apresenta uma história da Cabeça Cortada que é bem conhecida, é a história de Bran o Bendito, personagem mitológico considerado como um dos numerosos aspectos do Rei Pescador.

"A expedição a Irlanda organizada por Bran e os bretões, a fim de vingar afronta a sua irmã Branwen e recuperar o caldeirão mágico que ressuscita os mortos, acaba em um desastre.

Bran, ferido no pé por uma lança envenenada, pede aos sete sobreviventes bretões que cortem sua cabeça e a levem consigo.

Assim o fazem. Os sete sobreviventes em companhia de Branwen, atracam em Hardlech e se instalam aí.
Começaram a prover-se de alimentos e bebidas em abundância e se puseram a comer e beber.
Três pássaros passaram a cantar um canto que deixava sem valor tudo que tinham ouvido antes.
Essa cena durou sete anos e depois partiram até Gwales, em Penvro.
Ali se instalaram em uma grande sala com a cabeça de Bran exposta.

Pelos muitos sofrimentos que houvessem visto, por muitos que houvessem padecido pessoalmente, não recordavam nada, nem nenhuma outra pena do mundo.

Passaram oitenta anos de tal forma que não recordavam um tempo melhor, nem mais agradável em toda sua vida.
Não estavam cansados; ninguém deles notava que o outro houvesse envelhecido em todo o tempo desde que chegaram.
A companhia da cabeça não resultava mais penosa que quando Bendigeit Vran estava vivo.

Depois desses oitenta anos, abrem uma porta, em seguida recuperam a memória, e também o cansaço e o sofrimento, e vão cumprir o último desejo de Bran: enterraram sua cabeça na Colina Branca, em Londres." (Joseph Loth, Mabinogion, I, pp. 142-149)

Essa história tem muitas analogias com o Cortejo do Graal. Para começar, aparece o caldeirão que ressuscita os mortos.
Não conseguindo recuperá-lo, Bran entrega sua cabeça a seus companheiros, como uma espécie de substituto do caldeirão.
Bran é ferido no pé por uma lança envenenada e como o Rei Pescador, se converte em impotente para governar, pois é um Rei Ferido.

Enquanto a vingança, é clara: a expedição se havia organizado para vingar a afronta sofrida por Branwen.

Quando os sobreviventes, em companhia de Branwen, expõe a cabeça no local onde se encontram, perdem a noção do tempo, não envelhecem.
A cabeça desempenha a mesma função do Graal: procura alimento e bebida e impede de envelhecer.


Assim alcançam um paraíso comparável a Terra das Fadas, tantas vezes descritas na literatura irlandesa, onde não existe a morte, o sofrimento, nem a enfermidade.
A cabeça, em resumo, lhes restitui o paraíso que haviam perdido ao nascer, o que demonstra claramente uma função materna, feminina, e dita função se vê reforçada pela presença dos pássaros de Rhianonn, e também com a presença de Branwen, cujo nome significa "Seio Branco", e que muito bem poderia ser a portadora da cabeça e portanto, a portadora do Graal.

A narração é um dos aspectos do arquétipo primal do Graal. Os autores da Idade Média tinham conhecimento dessa lenda da cabeça cortada de Bran, pois a encontramos em obras que se referem aos cavaleiros do rei Arthur e a Busca do Graal.

GRAAL PEDRA FILOSOFAL


Parzival (Wolfram d'Eschenbach): "Tudo aquilo com que se alimentam, lhes vêm de uma pedra preciosa, que, em sua essência, é toda pureza.

Se não conheceis, os direi seu nome: se chama Lapsit exillis. Mediante a virtude da dita pedra, a fênix se consome e se transforma em cinzas, porém das cinzas renasce a vida: graças a essa pedra a fênix realiza sua muda para reaparecer com todo seu brilho, mais belo do que nunca.

Não há homem enfermo que, em presença dessa pedra, não está seguro de escapar da morte durante toda a semana que segue ao dia em que a tenha visto.

Quem a vê, cessa de envelhecer. A partir desse dia em que essa pedra lhes aparece, todas as mulheres e todos os homens recuperam a aparência que tinham na época em que estavam em plenitude de forças.

Se estiverem em presença da pedra durante duzentos anos, não morreriam: só seus cabelos se tornaram brancos.

Essa pedra outorga tal vigor ao homem que seus ossos e sua carne recuperam de pronto sua juventude.

Também recebe o nome de Graal...Cada sexta-feira santa (uma paloma) lhe dá a pedra a virtude de proporcionar as melhores bebidas e os melhores manjares...No paraíso não há nada mais delicioso...A pedra, ainda, procura para seus guardiães, caça de todo tipo" (Tradução francesa de Ernest Tonnelat, II, pp. 36-37)

Wolfram, em sua narração, considera o Graal como sendo uma grande esmeralda e sobre essa esmeralda há um poder que é trazido cada sexta-feira santa por uma paloma, algo que, simbolicamente, significa que a dita pedra possui um poder espiritual, ou de origem espiritual.

Uma vez mais, o Graal é um recipiente, aqui na forma de um prato de esmeralda.

Existe uma outra lenda célebre de outra pedra mágica na tradição irlandesa, que se trata da "Pedra de Fal", que é a Pedra da Soberania.

A Pedra Fal encontrava-se em Tara e quando um homem deveria ascender à realeza, ela gritava de maneira que todo mundo podia ouvi-la.

Essa pedra não só poderia se comparar ao Graal, mas também desempenha um papel na própria busca do Graal.
Quando o rei Arthur funda a Távola Redonda, Merlim, o Encantador, lhe dá o seguinte conselho:

"A direita de meu senhor o rei, sempre haverá um assento vazio em memória de Nosso Senhor Jesus Cristo, nada se poderá colocar ali, para não correr o perigo de ter a mesma sorte de Moisés, que foi engulido pela terra, exceto o melhor cavaleiro do mundo, que conquistará o Santo Graal e conhecerá seu sentido e verdade".

Se trata, pois, do Assento Perigoso, sobre o qual só deve sentar-se o Eleito.

Quando Percival se sentou nele, imediatamente a pedra, debaixo do assento se dividiu, e gritou num tom de angústia que a todos pareceu que o mundo ia precipitar-se num abismo.

Percival era indigno de sentar no assento e ao sentar-se nele, causou a enfermidade do Rei Pescador.

E, o Rei Pescador só podia ser curado por aquele que levasse a cabo as aventuras do Graal: então a pedra voltaria a soldar-se.

O caráter de Percival era demasiadamente pagão para ser o Herói do Graal.

Então se prepara a entrada de Galaad o Puro, de tradições celtas.

Assim, na versão completamente cristianizada do mito senta-se Galaad (filho de Elaine e Lancelot) no Assento Perigoso, sem que nada se suceda.

A Busca do Graal é uma luta sangrenta entre os membros da comunidade para apropriar-se da soberania, sendo dita soberania a Mulher, a Rainha ou Deusa, imagem simbólica da Mãe toda poderosa cujos filhos somos todos nós.

Agora sabemos o sentido profundo dessa busca que enfrentam os homens pela possessão da Mulher, e também o sentido que convêm dar a "Soberania".

O GRAAL CRISTÃO


No período cristão, a cabeça cortada, os caldeirões e as pedras filosofais se transformam no cálice ou prato que Jesus Cristo utilizou na última ceia para instituir o sacramento da eucaristia.

Embora as aplicações anteriores não se percam completamente, agora estamos diante de um posicionamento paternalista, que irá sepultar todas as qualidades femininas do Graal e sua associação com a Deusa, ou seja, sua atenção passará do terreno material para o espiritual.

O Graal passa para as mãos masculinas de José de Arimatéia, não é mais carregado por sua portadora original. Arimatéia é um homem rico que se encarregou do corpo de Jesus depois da crucificação e encarregado de o sepultar. Num cálice recolheu algumas gotas do sangue sagrado.

Como o Santo Graal, possui propriedades milagrosas e confere a seus proprietários um vínculo especial com Deus.

Foi construída uma mesa para depositá-lo, em memória da mesa da última ceia.
Os parentes e amigos de José de Arimatéia o transportaram à Britânia, aos vales de Avalon, que poderiam estar localizados em pleno coração de Sommerset, a futura localidade de Glastonbury.

A lenda assim, está claramente entroncada com as origens da abadia de Glastonbury, embora suas fontes e inter-relações permaneçam obscuras.
Passou depois a diversos protetores do Graal, descendentes de José de Arimatéia, que viveu em um misterioso castelo chamado Corbenic.

O Graal, embora oculto, conferiu à Britânia um lugar privilegiado na cristandade, e serviria de veículo de uma visão especial ou revelação à qual teria acesso o buscador que a merecesse.

Nos primeiros tempos do rei Arthur, o encarregado da custódia do Graal era Pelles, que em dado momento decide que chegou a hora para nascer um novo merecedor do Graal.

Deveria ser um cavaleiro perfeito da estirpe de José, ou como o próprio Pelles.
Pelles tinha uma filha, Elaine e quando Lancelot chega a Corbenic, é o próprio Pelles, que entorpecendo-o com uma poção mágica, o faz acreditar que tem um encontro amoroso com Guinevere e não com sua filha.
Assim, Elaine concebe um filho, que se chamará Galaad e será o cavaleiro mais perfeito que possa-se imaginar. É ele que ocupará o Assento Perigoso na Távola Redonda.

O Graal tinha passado da Britânia a um país distante, Sarras.
Galaad, se dirige para lá, acompanhado por Percival e de Bors, um primo de Lancelot. É em Sarras onde alcança a visão suprema...e morre.
Nenhum dos outros conseguiu. O final da procura está repleto de dor e, quando se alivia a dor porque já passou tudo, Camelot já não voltará a ser o que foi.

INICIAÇÃO AO GRAAL


Nas lendas arturianas dos séculos cristãos, está clara a iniciação que é retratada na procura do Santo Graal.

Conta-se que todo aquele que saía a sua procura, tendo encontrado o castelo do Graal, tinha que passar por um certo teste.
Se assim fizesse, o Rei Pescador seria curado e as Terras Desoladas tornar-se-iam férteis outra vez.
O teste consistia em perguntar o que significavam as maravilhas que via, quando os objetos sagrados eram expostos, e a quem o cálice do Graal servia.
Se não perguntasse, o castelo, o rei, o Graal, tudo se dissolveria como um sonho e as terras permaneceriam estéreis, até que ele ou um outro pudesse alcançar o castelo novamente, quando haveria uma segunda chance de fazer a pergunta.

Quando, Percival pela primeira vez alcançou o castelo do Graal, ficou tão dominado pelo terror e admiração, causado pela misteriosa procissão do Graal e da Lança e com seus seguidores que não perguntou sobre eles.

Gawain, da mesma maneira, foi dominado pelo sono no momento crítico, de maneira que também não perguntou o seu significado.
Aqui vemos que é a compreensão que liberta a paralisia da inconsciência.

Ver as imagens do inconsciente não é o bastante.
Ao menos que entendamos seu significado, permanecemos espiritualmente crianças, sujeitos ao feitiço do destino.
O inconsciente é uma presença poderosa e contínua.
Toda a vida existe a partir dessa noite interior e fecunda sobre tudo o que fazemos, pensamos e sentimos. Somos todos cálices que contêm tesouros.
No entanto, aspectos desses tesouros são mais escuros e mais perigosos do que nos permitimos imaginar.
Quando o inconsciente se ilumina, suas forças escuras nos libertam.
No entanto, é precisamente nesse limiar que cada indivíduo é guardião e sujeito da própria transformação.
A maçaneta está do lado interno da porta, mas cabe somente a nós ter coragem para abri-la.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

TERRA DESOLADA


A vida atualmente teria alcançado uma paralisação. E assim, inesperadamente, o excesso de bem caiu em seu oposto e tornou-se o excesso do mal.

Essa condição de estagnação corresponde a condição do mundo na lendas do Graal, onde a doença do Rei Pescador se reflete em seu país, transformando-o na Terra Desolada.

A Terra Desolada é o retrato de um grande número de indivíduos como também de nações ocidentais em geral.

A atitude nacional em relação à vida, com sua tentativa de controlar a natureza em toda sua criação e destruição, resultou numa unilateridade que caiu em seu oposto.

Todos os valores emocionais não considerados acumularam-se no inconsciente, enquanto a atitude consciente tem se tornado seca e insatisfatória por causa da ausência daqueles elementos que foram drasticamente eliminados.

Mas a energia emocional, confinada no inconsciente pode explodir violentamente em nossa vida ordenada cotidiana. Se assim fizer irá derrubar as amarras do seguro e do familiar, construídos pelo costume e convenção.

Quando tal erupção ocorrer, uma grande inundação afetará não somente um indivíduo, mas comunidades inteiras, talvez até nações.

Esse dilúvio, ao invés de rejuvenescer a vida nacional, ameaçará remover todos os limites estabelecidos pelo homem e arrastará o mundo de volta ao caos original, a partir do qual todas as civilizações humanas foram construídas a tão alto preço.

Não faltam indicações, atualmente, de que as marés estão subindo no inconsciente, tanto dos indivíduos como das nações. Se essas marés irromperem violentamente, um dilúvio pode uma vez mais devastar o mundo, obliterando as realizações da civilização humana.
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ALINE SANTOS: É Jornalista, Terapeuta Holística,Taróloga,Cabalista, Professora,Educadora Patrimonial, Escritora, Numeróloga, Pesquisadora de Ciências Ocultas, Palestrante, e atende nas áreas de Florais de Bach, Fitoterapia, Aromaterapia, Terapia com cristais, Reiki, Cura Prânica, Tarô Terapêutico e Numerologia.
Bibliografia consultada:
Hadas y Elfos - Édouard Brasey
La Mujer Celta - Jean Markale
Diccionario de Las Hadas - Katharine Briggs
El Gran Libro de la Mitologia - Diccionario Ilustrado de Dioses, Heroes y Mitos - Editora Dastin; Madrid
Os Mistérios Wiccanos - Raven Grimassi
Livro Mágico da Lua - D. J. Conway
Explorando o Druidismo Celta- Sirona Knight
O Livro da Mitologia Celta - Claudio Crow Quintino
O Amor Mágico -Laurie Cabot e Tom Cowan
Hadas - Jesus Callejo
Os Mitos Celtas - Pedro Pablo G. May
Diccionario Espasa - J. Felipe Alonso
A Deusa Tríplice - Adam Mclean
La Mythologie Celtique - Y. Brékillen
La Reine et le Graal - C. Méla